Quais destes trombonistas é(são) seu(s) favorito(s)?

domingo, 17 de fevereiro de 2008

fotos da manifestação contra o fim do ensino especializado de música em Portugal + um comentário (algo longo)

Espero que os excelentes fotógrafos (fotógrafo) não se zanguem connosco por publicar aqui algumas das suas fotos

Se gostarem delas por favor vejam mais no seguinte link que se segue -

Mazurkas

eis algumas das suas imagens (já agora reparem bem naquilo que o Ministério chama de Conservatório de Lisboa - ao referir que só estes é que têm o tal mau feitio)























Sobre a surdez / a mordaça que está a ser imposta - comentário sobre a manifestação de 15 de Fevereiro

Depois (ou seja, por cima)
da mensagem que se segue, ha fotografias da manifestação do dia 15 na Assembleia da República.


Apesar de ser mais que uma a escrever neste 'blog', somos vários, desta vez serei eu -
Eis o meu , em parte, sobre o que se está a passar com o ensino especializado artistico:

- NÃO ESTOU ACTUALMENTE A DAR AULAS DE MÚSICA, NEM AS DESEJO DAR - nem tão pouco tenho algum familiar a leccionar. Já passei por um dos nossos Conservatórios (durante o meu percurso académico) e sei do valor destas instituições ... haja respeito por quem trabalha (e pelo imenso e valioso legado que nos têm dado)

(por favor perdoem o meu Português - pois nunca recebi aulas desta nossa língua), na altura de as receber estava longe, muito longe ...

Hoje (bastante tarde) ouvi a senhora Ministra da Educação a responder à sua entrevista, no Programa Expresso da Meia Noite (SIC noticias)...

... ai!!! ...

Deveria estar a seguir uma carreira na escrita (de Ficção), na minha opinião ...
ia ganhar rios de dinheiro

Eu não digo que ela não tenha feito coisas importantes para a educação no início
do seu mandato, nem sou tão pouco alguém capaz de a avaliar nesse sentido, mas o que é que se passou então?
Quem está a levá-la por maus caminhos?

Pois bem, ao dizer que há estudos internacionais / nacionais (ficou e deixou-me um pouco baralhada sobre qual/quais) - em relação a este assunto.
É uma maravilha ela ter conseguído ver algo que não existe, tanto quanto saiba, referindo o que ela diz (a não ser que seja aquele que nós já referimos, portanto - provindo de fontes não propriamente ... não me apetece insultar pessoas de momento...
a meu ver, para fazer tal avaliação)

Para já a maioria dos países que pelos vistos se gostaria de igualar não têm Ministérios da Educação (têm apenas School Boards entre outras entidades - para os seus Condados, coisas assim).
Mesmo assim, não lhes passa pelo neurónio fechar, Conservatórios (conheço vários - de vários países europeus e Norte Americanos), ou acabar com o ensino especializado de música.
Nestes locais, cujo ensino nada tem haver com o nosso, e ao dizer isto, não faço sequer qualquer juízo de valores sobre os diversos tipos de ensino... Digo apenas que, ao terem 'Departamentos de Música' nas escolas secundárias, para fazer a tal democratização, eles foram obrigados a fazer o seguinte no mínimo:
comprar em média para cada escola cerca de 150 instrumentos, instrumentos que não são baratos - ie. pratos, timbalões etc. para percussão, piano de cauda e verticais vários, microfones, material de projecção para apoio à história da música e respectiva fóno/biblioteca, os vários sopros, etc. etc. etc.
(oboés, clarinetes, vários de pelo menos dois tipos de flautas transversais, trompas em Fá, ... vários dos quatro tipos de saxofones, vários de dois de quatro tipos de Trombones, Eufónios, Fagotes, Cornos Inglêses, Clarinetes Baixo, Trompetes, Fliscornios, Trompetes baixo ... vários instrumentos de percussão e mais umas baterias ... baixos e guitarras eléctricas/e acústicas, pelo menos um piano de cauda - PA para amplificar alguns ... existindo obviamente o estudo de Jazz também na maioria das ditas escolas como outra disciplina de música)
... partilha de instrumento é necessário, daí só serem cerca de 150 instrumentos - os alunos ficam responsáveis por quaisquer danos a estes e organizam-se para ninguém ter menos tempo com os seus instrumentos (por vezes difiícil conseguir)
mais tarde devolvem-no à escola. Todos sabemos como são baratos os instrumentos não é??
Daí a quase inexistência de harpas e instrumentos de corda friccionada nestas escolas (por serem ainda mais difíceis de comprar - o arco custando, tanto quanto saiba, o mesmo que o instrumento de corda propriamente dito)
- Sendo assim vai-se ao Conservatório mais perto ... pois aí o menino/a ou "adulto" como diz o Secretário de Estado, terá o ensino garantido, e com a qualidade mínima necessária.

Este sistema foi encontrado para tentar para tentar fazer frente à dificuldade inerente a serem países com vários fusos horários por exemplo
(querem que diga o que o contribuinte paga ... isto já não é barato aqui mas nesses sítios ... CREDO!)

- é que por cá, por enquanto, os pais de muitos dos meninos pagam os instrumentos, e os conservatórios só precisam dos pianos, harpas, percussão, para as tais "explicações" (como diz o sr. Secretário de Estado) - a maioria dos restantes trazem os professores e alunos ... para as salas de cada instrumento.

Naqueles países, no caso de um professor reparar num/a aluno/a com uma singular vocação (tal como nas nossas filarmónicas, entre outros) eles enviam-no para o ... Conservatório mais perto... (onde pode seguir um ensino por vezes simultâneo, mais apurado, como é o ensino pelos seus homólogos cá em Portugal - sendo assim o que de verdade falta por aqui quanto muito é o outro ensino nas restantes escolas, para complementar o que os Conservatórios, e Instituto Gregoriano fazem) ...
mesmo que o instrumento seja um dos 8 instrumentos tocado pelo professor nessas escolas que referem (não vamos falar para já no tempo que leva para formar tal personagem) aliás, um dos 4 instrumentos que o tal professor/professora sabe tem de o saber pelo menos ao nível do 5º ano do Conservatório) mesmo assim por vezes acham por bem enviar a um Conservatório para ter um ensino mais concentrado e necessariamente mais enriquecido.
- talvez por este motivo os professores nas escolas secundárias de música nesses sítios demorem tanto tempo a formar-se (para tais tarefas) e têm de ganhar muito mais que se possa imaginar no nosso ME ...
tal como ganham os professores nos Conservatórios nesses sítios (que tal como cá, também demoram tempo a serem altamente especializados como o são - para poder ensinar ao nível que ensinam).
Os nossos actuais professores de ensino especializado em nada ficam atrás dos seus homólogos estrangeiros, portanto ... Srª Ministra em vez de moer o juízo a quem tenta trabalhar, com os poucos recursos que têm ao seu dispor, porque não dar-lhes um merecido aumento, pois há muito que têm andado a formar gente, sem grandes apoios, é obra que para alem de nos orgulhar... (dou um exemplo assim rapidamente - Olga Pratts e há outros...) e de nos fazem melhorar como um povo.

Nos tais países que referi, obviamente também tiveram de fazer em todas as escolas: salas de ensaio à parte para os alunos estudarem individualmente, sendo estas devidamente sonorizadas,
dois salões grandes para ensaio para orchestra e coro, e amfiteatro.
Os meninos que optam por estudar uma cadeira de música têm hora e meia de aula de música por dia habitualmente, durante metade do ano lectivo (fora os ensaios dos vários conjuntos em que são enseridos), depois, se acrescentarem a cadeira de Jazz, é outra hora e meia por dia (para poder acrescentar especialização em leitura à primeira vista, improvisação, etc. - e para os alunos se poderem aproximar assim ao ensino dos colegas nos Conservatórios mais próximos) - no caso das escolas que se organizam semestralmente... mesmo assim mandam alguns destes seus alunos ao Conservatório (sobre tudo para casos de músicos dotados para instrumentos que não sejam o instrumento principal do Professor, ou necessitem de mais horas de aulas individuais - sim, por vezes andam nos dois estabelecimentos , mesmo assim ninguém sabe na verdade a perfeita forma de formar os brilhantes músicos que existem para nosso/vosso regozijo - uma fracção mínima consegue aprender quase sem aprendizagem formal ... mas é muito, muito raro)
- nem vou falar dos iniciados (miúdos muito pequenos que nesses sítios só têem, e usam, Conservatórios, ou os professores neles, para se especializarem, isto serve para quem seja dotado como um Mozart ou Jorge Peixinho, que à mais terna idade já tocavam que era uma locúra ...
- Nem os alunos supletivos que entraram para o Conservatório por exemplo aos 19, como Mário Laginha e outros...
- nem dos que frequentam em regime articulado como o nosso pequeno prodígio
Vitor Hugo Trindade, fonte do maior orgulho para qualquer país e Ministério da Educação, minimamente sérios. Este menino da Ericeira, que tanta glória tem trazido à Portugal, frequenta o Conservatório mais próximo é filho de um empregado de mesa.
- como querem explicar a este senhor que vai ser obrigado a desembolsar pelo menos perto de 200 euro por mês (na melhor das hipóteses), porque o ME não gosta de 'elites' (portanto não gostam de gente detentora de um gigantesco talento como ele).

- No meu caso, que em nada me posso comparar a tal menino, fiz exame de Quinto ano para entrar como estudante estrangeiro, tinha 19 e frequentei, como aluno supletivo o Conservatório de Lisboa durante dois anos ... devido a este ensino, no meu conservatório, fiquei apta de ingressar directamente no segundo ano de Treino Auditivo na Universidade no Canadá onde me perguntavam perplexos - Onde aprendeu estas coisas assim, que aqui não foi..??? - Até me deram na altura Bolsa de Estudo para me formar (como concertista).
Para executar o exame de instrumento para entrar na universidade nesse país - nunca o teria conseguído se não tivesse recebido o precioso ensino do meu professor do Conservatório Nac. de Lisboa)...
podia dizer muito mais mas não quero falar mais do meu caso.

(nunca somos contemplados na História da Música... porque será... apetece-me tanto falar disso, mas evito para já...)
Os senhores de outros países não nos estudam ... nós não os estudamos ... ninguém estuda nada ... e nada parece ser estudado em condições sobre esta salganhada
a não ser os desgraçados que têem de aturar estes berbicachos nas nossas escolas especializadas para ensino de Música, no nosso país.
- Porque é que não foram ler Fernando Lopes Graça?
... Porque não falar com quem de facto ensina alguém como uma Maria João Pires, ou um Vitor Hugo Trindade, Mário Laginha, António Vitorino d'Almeida, Sara Braga Simões, Fernando Lopes-Graça, Rui Vieira Nery, um Jorge Peixinho, Clotilde Rosa, Constança Capdeville, ou um Emídio Coutinho etc. (há vários com quem podem falar de certeza...) São tantos os músicos que poderia mencionar ...
- Muitos ainda andam por cá, é difícil não apanhar algum, basta ter um bocadinho de boa vontade, é que eu sei pouco , e sinto-me ignorante no que respeita a história desta nobre arte no nosso país mas o ME de certeza não será assim tão IGNORANTE).

Não se baseiam de certeza em estudos de outros países, onde nenhuma entidade faz o absurdo de fechar Conservatório algum apesar de incrementarem um ensino de música mais especializado nas escolas.

Onde fiz alguns dos meus estudos de música - um país 'riquérrimo', mas onde dizem que não há dinheiro que chegue para dar um ensino tão especializado antes das crianças estarem no 9º ano de escolaridade. Elas frequentam aulas genéricas de música até o sexto ano de escolaridade.
As Escolas Secundárias para terem um mínimo de credibilidade no ensino especializado de Música, executam exames formulados por ... quem são... são os ditos Conservatórios! (Que também estão atulhados de estudantes de todas as idades, pois não é limitado como uma escola normal, e recebem os alunos que são reencaminhados pelos departamentos de música das suas escolas para esses mesmos conservatórios quando não podem aprender o seu instrumento onde estão - e não são poucos - geralmente todos os instrumentos de corda friccionada, harpa, estes é raro serem leccionados na generalidade das escolas públicas - outra coisa, é possível, ao contrário daqui, um aluno obter um canudo em ambas as escolas)
Todos sabem que qualquer músico, ou entidade que patrocine música, depende de audições para trabalhar ou empregar.
No caso de ter de escolher, como em Portugal, em receber um diploma de uma ou outra escola (o Ministério assim o tem mandado) qualquer músico (executante) pede o da escola regular, porque o outro canudo quanto muito serve para chamar atenção da seguinte forma "Olha, olha, olha, ... tenho um canudo" - mas ao fim e ao cabo, ou se toca/canta ou não.

Isto será o caso dos alunos no ensino supletivo e alternativo, de pelo menos 75 por cento dos alunos Conservatório de Lisboa (com 900 alunos - nos Conservatórios de Aveiro, Évora, e Coimbra por exemplo esta percentagem sobe).

Já sei, os senhores do singular estudo pensam saber mais sobre música e pedagogia musical para:
Harmonia, Contra-ponto, Acústica, Leitura de partituras (até quatro vozes, sim senhora ministra - vozes simultâneas, têm de estar preparados para o ensino Superior), História da música, Classe de conjunto, piano, fagote, oboé, clarinete, violeta, trompete, voz, cravo, violino, harpa, corno inglês, trompa, violoncelo, tuba, trombone ...
do que os senhores que a ensinam ou praticam.

Pensam que o país esta pleno de rapaziada do genro João Sebastião Bach, é isso??
Já agora sugerimos à Senhora Ministra que leia um bocadinho - sobre J. S. Bach, talvez assim ganhe algum respeito por este tipo de ensino
- talvez ganhe um bocadinho de respeito pela arte e sobretudo pelo ensino da mesma.

Ela que depois disso nos diga se haverá seres como ele em abundância neste milénio.

Se tiver um mínimo de seriedade, e espero que tenha, lerá trabalhos sobre o assunto do nosso compositor e pedagogo, Fernando Lopes-Graça por exemplo
(parece-me que publicou algo sobre este assunto na década de Setenta).

Estamos todos cheios de pena pelas frustrações de quem pensou tais absurdos no tal estudo, em que agora se baseiam, enfim... deixem-se de tontices...
...

´´E Verdade, já agora, a propósito da Manifestação do dia 16 passado, já repararam que a Srª Ministra disse que é normal estas manifestações... É normal:

transportar um piano de cauda e colocá-lo frente à Assembleia da República???

- É normal ouvir a música do John Cage 4'33 tocada/cantada por tanta gente nesse local,

assim como nesse sítio ouvir o tema Silence do Charlie Haden ser interpretado,

uma Cantora Lírica acompanhada por piano tentar chamar a atenção com sua voz, tal Assembleia,

- ouvir no mesmo sítio um piano a quatro mãos tocando um improviso sobre Grandola Vila Morena por Mário Laginha e o Maestro Vitorino de Almeida - e acompanhado por alunos e amigos das ditas escolas,

o coro gigante entoar ACORDAI! (requiem às vitimas do Fascismo) frente à AR,

uma imensidade de instrumentos e vozes ora em protesto amordaçados, ora a entoar A Portuguêsa ou o referido tema de Lopes Graça também frente à mesma AR?????
etc
Também será normal ser tanta coisa ser filmada pelos média para depois quase nada se ver em lado algum?

Por favor, não nos empobreçam,
- não entristeçam pessoas com o imenso valor de uma Clotilde Rosa, entre outros...
- não estraguem o monumental trabalho dum Jorge Peixinho,
F. Lopes Graça, Joly Braga Santos,... e tantos outros.
Será que a Senhora Ministra sabe, após se preocupar com este assunto, quem foi o João Domingos Bomtempo??
Saberá ela, em relação a recentes alunos destas instituições quem é por exemplo Mário Laginha - ele entrou para o Conservatório em regime supletivo aos 19 anos. Teria sido tão triste ele não ter tido essa hipotese não é?...

Eis o Deserto ...
- não está a sul do Tejo como alguns afirmam, está em todo lado. Está na alma das pessoas.

Aborreceu-me estes últimos dois comentários - porque o Deserto, apesar de terrível, até que é uma coisa muito bela.

(como ex-aluna do Conservatório Nacional de Lisboa - ensino que muito prezo, agonia-me ver tanta... falta de amor pelas artes no nosso país, mesmo a nível governamental, farta de tontices)
Mais uma vez perdoem-me os possíveis erros de Português, repito que nunca tive aulas da nossa bela lingua
- a culpa disso nem posso dizer ter sido do Ministério de Ed.

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